terça-feira, 22 de maio de 2012

Alfredo Magg Junior (o pequeno okapam e outros poemas)


O PEQUENO OKAPAM

I
Quem dera brincar
Como em criança
Uma corda saltar pular
Jogar à neca macaca

II
Aquela árvore subir
Depois dela cair rir
Tentar lutar chorar
Num ramo lá ficar


III
Brincar às escondidas
Baloiçar no pneu baloiço
Estridentes gargalhadas
Neste enorme rebuliço

IV
Sou o príncipe da bola
Esófago de boi já rola
Evoluiu à bola de trapos
À moeda são os jogos
V
Queria não chegar tarde
Para tareia não apanhar
A minha hiperatividade
Vai me traindo vou levar
VI
Uns falam sou lindo menino gosto
Outros me chamam filho da polícia
Na escola me batem com mestria
Padrinho meu balsamo Augusto
 VII
Eu fabrico um carro de latas
Uns óculos de arame de atar
Trompete de folhas de papaeiras
Jaguar carro de arame vou guiar
VIII
No meu rico subúrbio de patos
Sou o super-herói rei dos ratos
Aqui andamos todos descalços
Ideia maluca sermos ricalhaços
XIX
Saltito contente à chuva
Corro brinco por entre gotas
Isto para mim é vindima uva
Sou mais feliz que as focas
X
Meu calção está muito roto
Com isso pouco me importo
Igual para mim algo normal
Até funcional muito original
XI
Estou na lixeira a vagabundear
Buscando um novo brinquedo
Se à casa o levo tareia vou levar
Sou um triste menino do mundo

XII
Por vezes esqueço limpar meu rabo
Ninguém repara ou me chama nabo
De cana pico o cu a amigo se defeca
Feito loucos rimos como fosse festa
XIII
Agora faço voar um papagaio
Outros gajos olham invejam
O feliz cantar de menino gaio
Que vê grilos que namoram
XIV
Que belo rabo de cavalo
De uma amiga segura-lo
Dela mamas nem falo
Dar-me-ia valente está-lo
XV
Correr atrás de cavalos mansos
Por negros brancos montados
Buscando belas mulatas sofridas
Pelo bípede acudam maltratadas
XVII
Grande namoro nos meus sonhos
Estrela de cinema até  tenho
Seu andar é de gazela serena
Receosa no mato de uma mina
XVIII
Brinco brincando brincadeiras
Sou um menino com meninas
Uma Já me palpa um tomate
Já sei quer chocolate quente
XIX
Fingindo estou brincando
Uma amiga namorando
Na tarde tão singela bela
Faço amor falhado com ela
XX
Sou mais puro na candura
Esta a minha natureza rica
Meu amor espalho perdura
Aos avaros ricos fica a dica
XXI
Tenho por isto passar
Para o mundo salvar
É este meu bom destino
Sou um rapaz pequeno
XXII
Gosto ser um super-herói
E voar de ramo em ramo
Não sentir a ferida que rói
Ser de mim mesmo dono
XXIII
Empurrado por fantasma cair
De grande altura uma árvore tal
Perco os sentidos a mãe igual
É agora que me apetece fugir
XXIV
Passo o sol eu quero a lua
Ele não me deixa lhe beijar
Gostaria de abraça-la nua
Possui-la amá-la até ela gostar...Gemer gemer gemer
2012-02-06

A VIDA
I
Crescerás viverás morrerás
Porque tu és filho e pai serás
Sendo lei vida incomensurável
Aos irracionais incomparável
II
Inteligente serás distinguirás o bem do mal
E o mal do bem destino ocasional ora original
Outros partirão tu ficarás
E sentir-te-ás só mas viverás
III
Pontapés ao longo do tempo terás
Dos teus males remorsos sentirás
Alegrias festas tristezas com outros comunicarás
IV
Junta-te aos bons jamais morrerás
Viva com eles tuas mágoas lógicamente não sofrerás
Faça o bem honesto legado deixarás

Outubro de 1981

O TEMPO
I
O tempo muitos querem recuar
Seus antepassados tornar a ver
Alegrias novamente e hoje viver
O sol de outrora voltar a mamar
II
Outros adoram este presente
Por presentemente ter a sorte
A vida sorri então esquecem
O passado pobre de alguém

III
No seu futuro já não pensam
Fará no solo nosso planeta
Constante massacram matam
A vida se esvai ora já acabam
IV
Em sete palmos de terra
Por causa dessa guerra
Nossas vidas se acabam
Velhos viúvas órfãos choram

V
E que tal destruir as armas?
Proibição total do uso delas?
Fundi-las fazer automotoras?
Alfaias tractores debulhadoras?
VI
Já era tempo ó minha gente
Lançado aqui apelo semente
Motivo algum legitima guerra
É tempo de amor paz pudera
VII
Amar o planeta com respeito
No solo cultivar arroz feijão
Batata azeite bom vinho tinto
Olhar criaturas com emoção
VIII
Não fazer extrações minerais
Não matar os pobres animais
Consumir o que eles produzem
Não ligar diamantes se reluzem
1984 2012-02-09 

O GIGANTE E A COZINHEIRA

I
Dona linda cozinheira
Seu fogão já acendeu
Das panelas companheira
todo tempo ela perdeu
II
Descascando na cebola
Em pouco tempo já rola
Juntando com o tomate
Seu saber é de gigante
III
O gigante vai chegando
A cozinheira ajudando
O chouriço eles cortam
A manteiga já a untam
IV
Cheiro agora eu já sinto
Pouco falta tiro o cinto
Apetite todos o tem
A família toda vem
V
O pedaço de um porco
Misturado já no molho
Sal pimenta mete alho
Grande molho no pico
VI
Vai fervendo pouco a pouco
Dona linda cozinheira
Está provando prato louco
Sua mão tão verdadeira
VII
O gigante arroz prepara
Água ferve ele o lava
Arroz de manteiga será
Pronto ele está e prova

VIII
Molho arroz tudo apto
Mesa posta agora está
Todos comem deste prato
Cozinhado por artista
1984 2012-02-09

LOUCOS
I
Esperançados vivem os loucos
Convencidos ter alguma lucidez
Alguns passam por Montepuez
É doença gostam de levar socos
II
Apaixonam-se pela desgraça
Desprezam a vida ou sua taça
Riem-se por tudo ou por nada
Ao coração dão muita porrada
III
Consoante essa sua loucura
Caminham com esperança
Nas ruas da sua amargura
Como quem tem segurança
IV
Procurando no lixo comida
Nunca lhes sorriu a vida
Desde que enlouqueceram
Eles sempre assim viveram
1980 2012-02-09

ASSASSINO LOUCO DO VOLANTE
I
Ó tu que julgas o dono do mundo
Porque guias um automóvel belo
Tu que atropelas foges correndo
Não tens civismo educação zelo
II
Que conheces sangue de crianças
Dos velhos cegos colhidos piedade
Os sadios tiveram vidas tão frescas
Agora deixas cadáveres iniquidade
III
Assassino louco do volante
Também terás igual morte
Por hora continuas à monte
IV
Nesse dia a minha mente
De toda aquela boa gente
Exultará consecutivamente
30/08/1981 2012-02-09

PAI
 (soneto clássico)
 I
Tu viestes antes de nós partistes
Tu nos ensinastes a viver felizes
Tu nos amastes e pão sempre nos destes
Tu na hora da separação sorristes
II
Lembranças eternas agora deixastes
Lençois brancos limpos tu cobristes
Lenços lindos coloridos de perfumes
Lembrando ainda pedimos que nos ames  
 III
Obrigado pai pela longa filosofia progenitora
Obrigado pela vida que nos destes e a consumimos
Obrigado por conhecer mundos tua mão protectora
 IV
Tudo que perdura é por teu amor oração que amamos
A eterna vida mais importa pois  bela é e sedutora
Amado e querido pai de ti nunca nos esqueceremos.
Outubro de 1981
 
AMO UM SONHO, DEIXAR DE FUMAR
I
Quem dera deixar ontem de fumar
Como deixei hoje de beber e sofrer
Bater recordes voar não cair morrer
Como máquina águia no céu esvoaçar
II
Flutuar na pista subir a rir ao pódio
Chegar em primeiro sem medo ódio
Não pensar na Vera ou na guerra
Preocupar-me com a paz na terra
III
Nessa terra que amo ainda amarei
Como uma só mulher quis adorarei
Adoro amo de novo me apaixonarei
Ser-lhe fiel é tudo que desejei amei
IV
Quem dera não ter peso na vida
Já marquei a data deste divórcio
Acabar com a droga é prioritário
Prometo treinar cada namorada
15/09/1989

QUANDO TU NÃO ESTÁS
I
Quando aqui não te vejo
Teu espírito é presente
Grande amor eu prevejo
No espelho alma amo-te
II
Onde estás doce loucura
Tanto tempo o amor dura
De gerações à eternidade
Era mentira hoje verdade
III
Gostaria sentir o teu beijar
Porém não posso nem devo
Estás longe como meu mar
No infinito azul eu te elevo

IV
Ó doce pétala querida de amada
Tu que me acompanhas na vida
Feita nuvem benigna estimada
Ciumenta terrível e apaixonada
V
Imagino falar com o teu olhar
Menino fraco imagina já sorrio
Amo-te como as noites de luar
Silenciosas tranquilas tal o rio
VI
Doravante é ausente o arrependimento
De golo à golo viver em teu seguimento
Depois morrer cantar contigo não dormir
Para teu peito palpitando no meu sentir
VII
Já teu coração canta no meu bater
Já sinto a sintonia união belíssima
Neste sonho te ver então te ter
Eternamente paixão louca dilema
Outubro de 1981

CINQUENTA
I
Ó mulher a tua vida é o meu amor
Quem diria serias mais bela ainda?
Nada alguém senão o petiz condor
De te amar chora princesa perdida
II
Que se esvai escapa feita trapos
Desfeitos nos dedos já procuram
Noite dia carícia tua feita farrapos
Agora dormes sonhos já derivam
III
Sinto nosso amor demais cresceu
Todo ele para coração teu jubileu
Nada algo alguém isso percebeu
Nem tu flor minha meu camafeu
IV
O bem maior é o beijo que te dou tão bem
Suave é pensamento espírito e alma também
Como gota de orvalho lágrima caindo aquém
V
Igual à onda mansa na brisa matinal calma
Procura minha alma cabelos teus na cama
Já acaricia mansinho devagar com chama
VI
O fim de uma relação amorosa não existe
A prova disso é a nossa que a tudo resiste
À inveja cerveja fumo falta de comida leite

15042007

O ASNO
I
Eis-me aqui para salvar o mundo
De ouvido mouco louco e varrido
Já fui fumador de vícios bêbado
Explorado pelo povo conduzido
II
Meu grande povo despertai dessa inércia
Vossa amarra soltai na aura da sapiência
Zurrando na faculdade o asno é tão feliz
Inscrito por pai burro desdiz-se aí  prediz
III
Sim povo erguei-vos do estábulo em glória
Pois falta-me a inteligência essa memória
Para livrar meu filho da mais triste miséria
Pelo asno meu rebento tende misericórdia

IV
Porém é meu dever obrigação hoje aqui em divulgação
Deus luz espiritual existe não pertence a esta dimensão
Só quer o bem para suas criaturas Ele fala por telepatia
Meu zurro Ele ouviu nega oração como fazia a tia Maria
2010

QUANDO EU MORRER
I
Quero te imaginar
Como sempre imaginei
Nua como lua sorridente
Goteando gotas águas
II
Límpidas como o luar
Prateadas como sonhei
Minha bela amante
Sorrindo já choras
III
Nas tábuas do meu caixão
Onde preguei teu coração
Amor meu perdoa dá me a tua mão
Estar assim morto sem razão
IV
Já caem quentes lágrimas
Em meu corpo frio morto
Terei saudades salgadas
Eu te protejo em espírito

1980


DEUS POEMA OKAPAMI
O Senhor Deus Criador do céu da terra ora as coisas visíveis invisíveis todas
Antes de tudo existir Ele já em Seu lugar ao longo dos séculos atrás existia
Na Sua dimensão imensidão de eternidade já vivia onde por missão cumpria
Tudo que existe por amor à existência que não havia do nada criou todas coisas
II
Criador do Big Bang os seus sistemas que já aconteceu aconteceram acontecem
Na existência infinita eternidade absoluta das galáxias todos o reconhecem
Como obra pelo Seu amor é bálsamo cujo maior bem moral da coisa que é boa
Tudo é por Ele gerado doado oferecido ao mal de todas criaturas perdoa
III
Deus não usa seu poder para mal fazer à criatura que afinal é jocosa
Foi Ele que deu chance à toda criação para que copiosa já se redima
Limpe seus pecados em paz tenha a sua alma e feliz durma na leve cama
Para vícios em excesso possa estudá-los vencê-los se tanto em prosa
IV
Depois do encontro com o amigo Deus Okapam o novo super-herói regressou
À terra para a salvar compreendeu tudo à vista de seus nobres olhos e alma
Entendeu um mês depois ao recordar sua vida e a que aquele encontro levou
Esqueceu de lembrar nessa dimensão fora perspicaz não lembrava em dilema
V
Que o céu existe foi criado por Deus aquando da criação de todas criaturas
Vivem o tempo limite para o céu vão onde são felizes por todas temporadas
No céu todos seres de outrora são felizes são dessa dimensão não sofrem
No paraíso habitam animais extintos falam por telepatia já não morrem
VI
Rejubilai em exultação ímpar hoje é dia de grande festa  milagre alegria
Por esta boa nova tal acalma lapida a alma estarmos com Deus em sintonia
Igual sinfonia é serenata de amor esperança divina saber que eu queria
Sua luz estrela é calmaria mar de onda mansa existente na boa fragrância 

VII
Okapam o enigmático sabia que estava em forma espírito e alma
Quando percebeu toda sua vida ele fora como nada agora é só fama
Foi destinado pela força espírito o dígito de algum fantasma
Cumprirá seu destino no cosmos incumbência divina que já ama
VIII
Divulgará o amigo Deus como não sendo Criador religioso vingativo maléfico
Mas o bem maior criativo em amor bondade na existência das suas galáxias
Criará seres animais vegetais acudirá todos que de ajuda precisem planetas
Seu poder não teve princípio nem terá fim o melhor ser perfeito benéfico
IX
Espalhará seu amor a todas criaturas olhará para seu semelhante como igual
A fruta semente trará duradoiras vidas não matará os animais será tal e qual
Respeitará ancião criança seu amigo cão assim como a ovelha espreitadora
É menor ainda esse menino melhor jovem belo pequeno Okapam não envelhecerá
X
Nada algo alguém lhe contradiz porque Ele é sábia sabedoria
Sabe ensina educa dá chance à criatura para que faça melhoria
Por isso é duplicada a protecção às crianças pelo ser de magia
A que crianças possam brincar contentes na paz sua inocência
XI
Uma mensagem de Deus seria algo mais assim
Estudai toda existência incluindo à mim 
Utilizai a inteligência para apenas o bem
Nunca obrigai a sofrer nenhum ser também
XII
O perdão de Deus é divino porque Ele é o criador todo poderoso
Ele é senhor do tempo cujo saber regride homem mais perigoso
Absorvida criatura não mais lembrará seu erro viverá na paz
Seu poder é tal que gera amor constante infinitamente capaz
XIII
Titânica a missão de Okapam em vida porque depois do encontro ele voltou
Veloz vôa na sua trajectória comprometida diante de Deus também chorou
Velocidade de sonho espírito alma pensamento pelo cosmos herói herdou
Tamanho milagre ao longo de todos os séculos tempos muito ele demorou
XIV
Okapam foi preparado demorada expressiva à esta tal de odisseia
Já que quando dorme o espírito de Okapam sai do corpo voa e passeia
Às sofridas populações de desastres sugere salvação e em suscitação
Extremoso cotovelo dá sinal rápido e Okapam entra nessa hora em acção
XV
É manhã fresca ouvem-se tambores parece o bater forte do coração de Okapam
Cantam as flores silvestres pássaros os grilos em coro já há homens sem manha
A multidão enorme na praia acenava gritava umas crianças aqui e ali choravam
Quando Okapam voando lento raso também lhes acenava com sua mão estranha

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